sábado, 16 de abril de 2011

Valorização do “Ter” invés do “Ser”


           Uma menina de 15 anos, aproximadamente, fala para a mãe que precisa de uma sapatilha de ponta. A mãe responde que não tem condições de comprar a sapatilha no momento. A menina injuriada contrapõe com o seguinte argumento: - “Mais mãe, todas as minhas amigas já compraram a sapatilha, se eu não tiver a minha eu vou ficar por fora do grupo”.
Comprar uma bolsa Louis Vuitton, um tênis da Adidas, uma roupa Calvin Klein, um perfume Dolce Gabbana, um óculos Ray Ban, é uma forma de materializar um estilo de vida, um modo de ver o mundo, uma maneira de se afirmar, se distinguir e se diferenciar de outra pessoa ou grupos de outras formações sociais, ponderando positivamente ou negativamente as classes. Características da sociedade consumista, na qual todos nós estamos inseridos, objetos de consumos que ficam expostos a todo o momento em nossa volta nos seduzindo e que quando adquiridos trazem a falsa sensação de prazer e poder, concedendo status e despertando a ambição.
Um mundo pragmático dominado pelo império da lógica econômica, da produção e da hegemonia dos códigos, o que alimenta o sistema capitalista. Empresas e informações, que chegam até nós através dos meios de comunicação, criam artífices de tendências de consumo e ditam modas, forjando irrepreensíveis desejos e atos de comprar, de ter as coisas. Criando cada vez mais necessidades para a elaboração de novos produtos para serem consumidos, para fazer o capital circular. Como Karl Marx disse: - “Cada homem especula sobre como criar no outro uma nova carência, a fim de forçá-lo a um novo sacrifício, colocá-lo em nova sujeição e induzi-lo a um novo modo de fruição e, por isso, de ruína econômica”.
Segundo Baudrillard, o consumo torna-se uma forma ativa de se relacionar, não apenas com objetos, mas também com a sociedade e o mundo; uma forma de atividade sistemática que sustenta nosso sistema cultural como um todo. Consumo que está intrínseco em nosso cotidiano. 
A garota podia ter utilizado vários outros argumentos para convencer a mãe comprar as sapatilhas, podia ter falado que sem a sapatilha não poderia aprender novos passos, que sem as sapatilhas não poderia avançar nos ensaios. Mas o que importava para ela, era não ser rejeitada pelo grupo de amigos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quando a gente menos imagina...


Incrível como algumas coisas antes não nos chateavam, mas hoje quando você vê, elas realmente te deixam tristes.
Como quando o passado volta para te assombrar e você não pode fazer nada, só assistir e imaginar como poderia ter sido, o que poderia ter acontecido. No final você continua sem essas respostas. Mesmo se pudéssemos voltar no tempo e tentar fazer tudo de novo, não acho que faríamos diferente. O tempo passa, mas ainda somos as mesmas pessoas, com as mesmas vontades e os mesmos pudores. Sendo assim continuaríamos sem as respostas.
Seria muito bom se existisse alguma coisa que pudesse impedir que esse tipo de coisa nos afete com tanta intensidade, desse jeito as situações não seriam tão constrangedoras.
Mas o mundo é muito pequeno e quando você menos imagina o passado volta, te assombra e vai embora, o melhor que temos a fazer é não ficar remoendo essas coisas, olhar para frente e acreditar que exista alguma coisa melhor te aguardando.